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Fazer loginUm dos principais nomes da MPB atualmente, Maria Gadú faz grande sucesso desde que estreou em 2009 com seu álbum homônimo. Entre as suas músicas mais conhecidas está Dona Cila, escrita em homenagem à avó da cantora.
Com uma letra emocionante, a canção foi escrita em um momento muito doloroso da vida de Gadú: acompanhar a avó em seu leito de morte, enquanto dona Cila perdia uma longa batalha contra o câncer.
No início de 2021, a faixa voltou a chamar a atenção do público depois de ser cantada por Juliette na casa do BBB21. Com isso, ela acabou se tornando também uma música de conforto para quem perdeu pessoas queridas durante a pandemia de covid-19.
Vem saber mais sobre a história da música Dona Cila!
Como adiantamos, Dona Cila foi composta por Maria Gadú para sua avó, que lutava há um ano contra um câncer. Na época do lançamento, a cantora contou que na vida, sempre fui eu, minha mãe e minha avó. Fui criada com ela, que me ensinou tudo, desde música até como me relacionar com as pessoas.
Em 2020, durante uma live com o músico Gean Ramos no Instagram, Maria Gadú comentou longamente e em detalhes como a música surgiu.
Primeiro, ela afirmou não ser uma compositora de construção, explicando que algumas canções vêm como baixamentos sobre coisas que, pra mim, estão muito urgentes e uma hora sai. Sobre a faixa inspirada pela avó Gadú disse que:
[Dona Cila] foi um desabafo sobre algo muito real que eu vivi, um amor no qual eu me sustento.. A partida dessa pessoa que é um pilar na minha vida. Eu me sustento desse amor, que eu acredito que seja eterno.
Em um relato tocante, a cantora falou que a canção surgiu após um pedido muito difícil da sua avó, que estava internada no hospital. Muito debilitada, dona Cila estava amarrada na maca para que não removesse os acessos de medicação e alimentação.
Ela mal reconhecia pessoas e eu nunca aceitei que ela estava doente, eu nunca aceitei que ela ia morrer. Foi minha primeira e grande perda na vida e aí eu me deprimi junto com ela. Ela foi me assistindo, nos poucos momentos de lucidez que tinha.
Um dia, quando Gadú chegou para fazer companhia à avó, a enfermeira responsável disse que o quadro de Cila era irreversível e que ela deveria falecer em poucas horas. Pediu ainda para que Gadú não desamarrasse a avó em nenhuma hipótese.
Eu sentei no chão e ela começou a me chamar: Mayra. Ela pediu pra eu desamarrar e eu disse que não podia. Daí ela falou: “Eu tô lúcida agora. Eu preciso que você me desamarre porque eu preciso falar com você nesse momento em que eu estou lúcida”.
Considerando que a avó teria apenas poucas horas de vida, Gadú decidiu satisfazer o desejo dela. De fato, Cila estava lúcida e pediu para que a neta a empurrasse para o lado e deitasse junto dela. E então falou:
Eu pedi pra você me desamarrar porque eu preciso te dizer uma coisa. Eu tenho pouco tempo. Você tá me atrapalhando. Você não está entendendo que existem ciclos e você me ama tanto que não está deixando eu concluir o meu. E eu estou aqui passando por isso para você entender, explicou. Em seguida, fez um pedido:
Você precisa se libertar de mim para entender que eu cumpri o meu ciclo, Eu preciso ir embora e o seu amor não está deixando eu ir. Você precisa deixar eu ir, você precisa querer que eu vá. Assim como um dia você também vai precisar ir.
Transtornada, a cantora voltou para casa, onde passou a noite bebendo. De manhã, decidiu ir até o Parque do Ibirapuera para refletir sobre o desejo da avó.
Fiquei pensando “É, já acabou. Eu estou cultuando algo que já teve fim”. E aí eu aceitei. E aí, naquele parque, eu escrevi essa letra e fiz essa canção pra dizer pra ela que tudo bem, eu aceito. Ela faleceu dois dias depois.
Como afirmado pela própria cantora, Dona Cila é uma desabafo sobre aceitar a partida de uma pessoa amada. Na música, Maria Gadú demonstra ter entendido que um ciclo chegava ao fim, e feito as pazes com isso.
Se queres partir, ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu tô pronta
Me colha madura do pé
Embora ainda demonstrando apego à presença física da avó, confessado nos versos O apego não quer ir embora. Diaxo, ele tem que querer, a artista se convence de que Cila está deixando todas as dores da sua existência para integrar um outro plano, onde poderá enfim descansar e continuar olhando por ela:
Ó meu pai do céu, limpe tudo aí
Vai chegar a rainha
Precisando dormir
Quando ela chegar
Tu me faça um favor
Dê um manto a ela, que ela me benze aonde eu for
O fardo pesado que levas
Deságua na força que tens
Teu lar é no reino divino
Limpinho, cheirando alecrim
Dona Cila foi uma das responsáveis por despertar em Gadú a paixão pela música. Ela, a filha e a neta ouviam de tudo nos 13 anos que viveram juntas, o que fez com que a artista crescesse com um repertório eclético de influências.
Conta-se também que Cila era cantora lírica, mas que precisava trabalhar como empregada doméstica para se sustentar. Durante uma limpeza, acabou perdendo a voz devido ao uso de um produto químico, e a possibilidade de ter uma carreira na música.
A avó de Gadú cultivou ainda dois grandes sonhos: se apresentar no Theatro Municipal de São Paulo e desfilar na ala das baianas de uma escola de samba. Assim, a cantora resolveu realizá-los no videoclipe da música, com Neusa Borges interpretando Dona Cila.
Depois de conhecer a história da música Dona Cila, aproveita e vem conferir também 40 frases incríveis da Maria Gadú. É uma mais bonita do que a outra!
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